"Os homens deviam ser o que parecem ou, pelo menos, não parecerem o que não são".
William Shakespeare
Telhados de vidro...
Por Alessandra Leles Rocha
Finalmente, o Brasil decidiu escancarar a sua face preconceituosa e intolerante. O “politicamente correto” é, de fato, difícil de sustentar até que em um dado momento as aparências sucumbem ao que habita dentro do inconsciente. Já deveríamos saber que não há como “esconder as sujeiras sob o tapete” por toda a vida.
Éramos bons em impingir a outras sociedades essa lado triste e infeliz do ser humano, como se fôssemos um exemplo de civilidade, de respeito, de convivência fraterna, de profunda naturalidade em relação às diferenças. O fato de o país exibir uma diversidade sociocultural riquíssima, isso nunca significou a paz entre nós. Sempre existiu sob o manto nacional das aparências hipócritas um olhar desaprovador, inquisidor, sobre toda e quaisquer formas de pluralidade – status, gênero, etnia, credo, escolaridade...
Mas, agora decidimos nos portar exatamente como aqueles que antes condenávamos. Abdicamos da racionalidade, da empatia reflexiva, e de quaisquer outros valores e virtudes humanas para resumirmos todas as nossas insatisfações, frustrações e afins, no radicalismo do preconceito. Como se a vida não nos confrontasse a todo instante com demandas existenciais que deveriam estar à frente de todas as prioridades.
Nossa fúria em torno de uma sociedade ideal chega a ser patológica? Que ideal seria esse, quando cada um pode pensar e compreender a vida por um prisma diferente? Quem seriam os “escolhidos” para compor esse ideal? A busca por um equilíbrio, um denominador comum, está longe de ser o alcance de uma hegemonia.
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